segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Conferências para 'bater cartão'

Hoje na 8° RISP 

(Região Integrada de Segurança Pública da Polícia Militar de Minas Gerais) aconteceu a IV Conferência Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas, cujo tema era: “Cenários, avanços e desafios”.  

A conferência se iniciou às 13 horas e sua abertura oficial contou com a presença do presidente da Câmara dos Vereadores Geovane Honório. Em sua fala, Honório destacou como a escola de tempo integral 'transformou' a vida dos estudantes, afastando-os das drogas. Contou também com a presença da prefeita Elisa Costa, que disse que 'Estamos no caminho certo para o enfrentamento do tráfico'.
Será mesmo?

Após uma breve palestra sobre a importância da recuperação dos dependentes químicos sob um olhar humanista, que reconhece a dependência como um problema de saúde, não criminal, e que o caso de polícia é o tráfico, apelando contra a criminalização e detenção destes dependentes.

Havia quatro eixos que discutiam o tema: defesa social, desenvolvimento social, educação e saúde. Os Eixos tinham como objetivo a apresentação de cinco propostas que possam vir a resolver os problemas decorrentes de drogas em seus respectivos espaços de atuação.

Agora pergunto: Como é possível que 28 pessoas, em 1 hora e 30 minutos, apresentassem soluções para anos de deficiência? Um imediatismo cego.

O que se observou foi que de todas as propostas apresentas, nenhuma caberia no discurso para os problemas decorrentes das drogas, pois, no município já existem politicas voltadas para as drogas mas não são postas em práticas, o que de fato não é novidade nesse nosso sistema deficiente.

Houve várias discussões, dentre elas, a hipótese de tratar a educação isolada do processo das drogas. Isso é falta de interesse dos educadores? Não, apenas não há diálogo entre essas ações da rede, sendo que neste encontro com toda sua relevância a educação não tinha uma representatividade plausível. Será que os profissionais da educação sabem o que é essa tal rede? Será que esta Conferencia teve uma divulgação nas instituições de ensino?

É também estranho o motivo pelo qual quase não há educadores, pois existe um vício de depositar no professor todo o sucesso ou fracasso da rede de ensino, pensamento espalhado pela mídia conservadora.

Atribuem ao professor uma função tão determinante e essencial nesse processo, por que esse profissional é tão desvalorizado? Além de não haver salários dignos, não há capacitação para que esses lidem com as consequências das drogas nas escolas ou com alunos hiperativos ou com déficit de atenção que, segundo um dos companheiros da reunião, são problemas comuns a 80% dos dependentes químicos.

Como pode o professor impedir o tráfico nas escolas? Ele existe e é parte integrante da vida dos estudantes, por mais que alguns o ignorem.
Primeiramente, deve-se reconhecer o problema para tratá-lo, não é mesmo? E a escola de tempo integral não impede a entrada de drogas nas escolas, e os professores não são os culpados do sucesso ou do fracasso do ensino brasileiro. E, mais importante do que recriar as mesmas leis, devemos efetivar as políticas públicas já existentes.

Conferências para 'bater cartão' com as políticas públicas e reuniões para tirar fotos e fazer propaganda eleitoral não resolvem os problemas. O governo nega os problemas por não encontrar soluções para os mesmos. Durante a 'criação' das propostas, fomos apressados, pois o tempo estava acabando , então disse o representante da mesa: 'Coloca a proposta, depois aprova ou não'. Ou seja, é tudo pra inglês ver.
 
Por trás de todo esse problema, há uma profunda crise social. Muitos jovens não têm escolha e seguem pelo caminho das drogas, outros são 'encantados' pelas mesmas.
Joga-se para cima dos jovens pobres e moradores de favelas e periferias a imagem criminalizada de marginais, drogados ou ladrões e, ao invés de reconhecer suas dificuldades. Sua situação de desigualdade faz com que eles sejam as vítimas desse sistema. Uma minoria lhes rouba o bem-estar, o trigo e o pão, o dinheiro e a dignidade, e toda uma maioria é marginalizada pela máquina de exclusão que é o Capitalismo.

Os ricos compram e/ou vendem a droga que arrasta esses jovens para esse caminho, mas os criminalizados não são eles.
Oprimem-se esses jovens, 'pacificam-se' suas comunidades, os impedem até de exercer sua cultura, determinando até as músicas que eles podem ou não ouvir. Uma verdadeira dominação econômica, social e cultural.

E inicia-se o empurra-empurra para saber de quem é a culpa.
Será que existe mesmo a vontade de acabar com esses problemas ou eles são parte integrante e essencial para o domínio capitalista?
 
Por Thais Fontes - aluna e representante do grêmio estudantil do Centro Interescolar, professora de inglês do EDUCAFRO de Governador Valadares e militante do #Vem Pra Rua Gv.



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