O
BALANGO, AS MAÇÃS DO AMOR E OS DONOS DO RIO SEM DONO.
A Juventude quer emprego, quer escola pública
de qualidade, e menos disputas eleitorais fora de época. Hoje em Governador
Valadares ocorreu uma audiência extraordinária, na qual seria discutida mudança
no Código de Posturas Municipais, proibindo construções com área superior a 360
metros quadrados no Parque de Exposições da cidade, situado no Bairro São
Paulo, em área alagável (parte de um terreno privado da União Ruralista Rio
Doce, conhecido como Capineira). É pertinente ser lembrado nesse texto que as
audiência extraordinárias são onerosas ao poder Legislativo, que tem que pagar
horas extras aos vereadores e consequentemente isso sai do bolso contribuinte.
A Reunião Extraordinária foi divulgada por
internautas nas redes sociais e pela imprensa local. Foi divulgado que um dos
itens da pauta de discussão dessa reunião seria o tão polêmico PROJETO 017/13,
que hoje não foi colocado em votação, mais parecendo que o Presidente da Câmara,
que age sempre de forma autoritária, empurrava a reunião com a barriga, ao ver
tantas pessoas da sociedade, principalmente os ruralistas, fazendo pressões naquela
Casa. Quero salientar que toda manifestação popular na Câmara é legitima.
Na sessão foram lidos os nome dos vereadores
ausentes. À boca miúda, dizia-se que o Vereador Chiquinho se encontra na praia.
Mas também pudera: com tanto fogo na casa, o Vereador buscou uma prainha para
se refrescar! Ufa, que calor!
O que ganha à juventude de Governador
Valadares com essa disputa política eleitoreira visível entre os vereadores Guetão,
Geovane Honório ambos do PT e o ex-candidato a prefeito André Merlo do PDT? Que
segundo a boca do povo seriam candidatos a deputados para as próximas eleições.
É evidente que essa briga traz rixas políticas
antigas e o povo fica na expectativa, aguardando que as oportunidades surjam.
Enquanto isso, Valadares se encontra no
ranking das cidades brasileiras com mais alto índice de criminalidade. Em 2010,
a taxa de homicídios no município foi de 44,4 por 100 mil, segundo o IBGE.
O município está entre os cem mais violentos
do país, muitas das vítimas são crianças e adolescentes, em sua maioria negra e
pobre.
Enquanto isso a União Ruralista, que é uma entidade
civil sem fins lucrativos, que atua em Governador Valadares há mais de quatro
décadas, em favor do desenvolvimento do agronegócio na região, é contrária ao
projeto dos vereadores Guetão e Geovane Honório, pois é do interesse da sua
maioria vender uma parte da área do parque de exposição para um grande grupo econômico,
que segundo o povo é o grupo Carrefour, apesar de não constar no site oficial
da empresa.
O agronegócio, por sua vez, beneficia uma
minoria econômica, não atingindo a grande massa de jovens que precisa de estudo
e trabalho, e que teve seus pais e avós expulsos do campo pelo êxodo rural nas
mesmas terras do rio sem dono.
Hoje ouvimos um discurso pueril, e
evidentemente político, dizendo que esse grupo quer gerar emprego e renda para
boa parte da população.
Os
donos da Capineira, são também donos do poder econômico da cidade, dizem que essa
área é particular e, com o bom discurso da defesa histórica dos bens privados,
“é meu, eu vendo, eu faço tudo o que quero com a minha propriedade”, em nome do
progresso. Mas, para um bom leitor social, esse discurso é feito em nome de
interesses privados.
Do outro lado víamos uma briga política de
dois vereadores do PT, Guetão e Geovane Honório, esvaziada, pois centrada em
seus próprios umbigos, se dizendo contrários à venda do local por motivos de
alagamento, sem ter nenhuma proposta para resolver esse tipo de problema, que é
o das enchentes que notoriamente fazem um grande estrago nas áreas mais pobres
da cidade.
Para não perder a linha Tiririca dos
políticos brasileiros, os dois fizeram um discurso demagógico, muito criticado
pelas redes sociais, de que o povo perderia os balangos e as maçãs do amor do
Parque de Exposições, apelando para o discurso pão e circo, criticados por uma
massa legítima de jovens que estiveram na Câmara hoje para entender a jogada
política.
A área cuja venda está sendo proposta é
alagável, e sabemos disso de forma notória. Por que, então, uma grande empresa
vai investir dinheiro nela, pois sabemos que os empresários e fazendeiros não
gostam de dar murro em ponta de faca? O povo será, de fato, beneficiado? Por
que vender um local que alaga? E as questões ambientais, estas serão discutidas
seriamente nessa querela? Por que o Carrefour, segundo boatos, empresa
multinacional que não joga para perder, quer construir em área de risco?
O que ficou claro novamente é que os
vereadores não tiveram coragem e nem fundamentos para colocar em pauta seu
projeto, e nada foi dito a respeito de geração de renda para a juventude
valadarense, com o encerramento de uma sessão extraordinária que será paga
pelos contribuintes dessa cidade.
Lembrando que a Ordem do dia foi uma pauta
vazia, pois o projeto foi retirado durante a sessão, ficando evidente o
desrespeito com o povo de Governador Valadares, empurrado com a barriga mais
uma vez.
O que esperamos é que os Poderes Legislativo
e Executivo dessa cidade tenham de fato projetos de geração de emprego para a
população que sofre com toda essa querela, e que isso seja imediato, pois as
pessoas não podem mais esperar.
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